quinta-feira, 28 de abril de 2016

Longão e agora?

No início desse ano de 2016 estive de férias no Rio Grande do Sul, mais precisamente na região das Missões (região noroeste do estado). Eu e minha namorada fizemos um pedal saindo de São Luiz Gonzaga com destino às Ruínas em São Miguel das Missões, lugar muito bonito e com um sítio arqueológico fantástico. Foram 118 km em uma estrada recém-cascalhada que parecia um rock garden infinito e um sol escaldante em meio ao mar de soja (a estrada atravessa muitas lavouras dessa cultura). Foi sem dúvida um dos pedais mais duros que já fizemos. Para encurtar a história, concluímos o desafio surpresos, porque superou a expectativa de dificuldade, mas felizes por termos conseguido. Eu posso afirmar que de certa forma esse artigo foi escrito durante esse pedal.


Longão e agora?
Quando estamos pedalando em grupo é importante desenvolver uma comunicação eficaz. Podemos dividi-la em escuta ativa e estratégias que facilitam uma comunicação eficaz.
Foto: Trek Divulgação
Perspectiva 1: “Me preparei, mas nunca é o suficiente, talvez eu não consiga”. “Amanhã vai ser difícil, o sol vai estar muito quente”. “Naquele terreno o pedal não rende”. “Galera está muito animada, quero ver essa alegria amanhã subindo”. “Essa altimetria é absurda”! É muito tempo de selim, vai dar assadura na certa”. “Vai demorar mais que o previsto”.
Perspectiva 2: “Me preparei, foi o suficiente para o tamanho do desafio e se não for, vou me superar”! “Amanhã vou prestar atenção na hidratação, porque o sol vai estar forte”. “O terreno atrapalha o rendimento, mas é apenas mais um desafio”. “Essa altimetria vai trazer uma bela paisagem”. É muito tempo de selim, vou me preparar para não ter problemas com assaduras”. “Pode demorar mais que o previsto, melhor levar farol e comida extras.”
As frases exemplificam diferentes formas de perceber uma situação. Na primeira, temos a situação como uma ameaça e na segunda como um desafio. Qual é a mais favorável para quem vai ter um longo dia de pedal?
Imagine um pedal longo que você deseja fazer. Imagine-se realizando o pedal, todas as situações que podem acontecer, as pessoas que vão estar do seu lado, vivencie por alguns minutos toda a situação. Agora, qual foi a sua percepção da situação? O que você sentiu ao imaginar-se?
O seu diálogo interno durante esse momento foi semelhante à perspectiva 1 ou à perspectiva 2? Se você se identificou com a perspectiva 1, sugiro que comece a elaborar estratégias para ressignificar as situações ameaçadoras. Situações ameaçadoras tendem a ser aversivas, geram forte estresse e paralisam as nossas ações. Desafios nos motivam a seguir em frente, a testar nossos limites e quando completados nos trazem grande satisfação.

Então, quais estratégias psicológicas podem ser usadas em momentos de dificuldade?

Algumas técnicas e estratégias que podem ser utilizadas eu já citei em artigos das edições anteriores da revista: 
  • Parada de pensamento ou técnica do PARE (edição nº 56 da Revista)
  • Autoinstruções (edição nº 56 da Revista).
  • Autorreforço: o pedal é longo e com certeza haverão várias paradas, portanto, cada parada significa um trecho cumprido. Então, elogie-se: “parabéns”! A cada morro vencido se dê o direito a uma recompensa: “quando eu chegar no topo quero tomar um suco bem gelado naquele bar”. “Quando terminar esse pedal vou ficar de molho na piscina por duas horas sem fazer nada”. Reforce-se!
Reconheça o seu mérito, isso manterá a motivação e aumentará a probabilidade de você se esforçar cada vez mais para cumprir as autoinstruções.
Quando estamos pedalando em grupo é importante desenvolver uma comunicação eficaz. Podemos dividi-la em escuta ativa e estratégias que facilitam uma comunicação eficaz.

Escuta ativa

A escuta ativa significa ouvir e compreender a comunicação do ponto de vista de quem fala. É a capacidade de ouvir não apenas o que a pessoa está expressando diretamente, mas também os sentimentos, ideias ou pensamentos que permeiam o que está sendo dito.
Para desenvolver a escuta ativa é necessário que tenhamos uma boa disposição psicológica. Observando o outro, tentando identificar o conteúdo dito e os sentimentos envolvidos, expressando aos outros que estamos a prestar atenção na comunicação verbal (sim, compreendo, humm, claro etc.) e não-verbal (contato visual, gestos etc.), especialmente a empatia, que é nos colocar no lugar dos outros e tentar entender seus motivos. Não significa aceitar ou concordar com sua posição, mas simplesmente saber que entendemos o seu comportamento e emoções.
Devemos evitar a distração, interrompendo o orador, julgar, rejeitar ou não dar importância, transmitindo frases como “não se preocupe, isso não é nada”. Evitar interromper constantemente a fala do outro para falar apenas de coisas nossas, contra-argumentos como quando alguém diz “Eu me sinto muito mal” e respondemos “e eu pior”, e finalmente, temos de evitar a “síndrome expert”, quando damos respostas para a pessoa mesmo antes dela terminar de falar.

Estratégias que facilitam a comunicação eficaz

Se quisermos fazer uma crítica a alguém, você sempre tem que falar sobre o que ele faz de errado, nunca que ele “é” isso. Sem rotular. Por exemplo, é correto dizer “eu não gosto quando você corre na frente e não espera”, ao invés de dizer “você é um egoísta, nunca espera.”
Discutir as questões uma de cada vez, não adianta culpar os outros.
Não acumular emoções negativas sem comunicá-las, porque elas podem culminar em um comportamento impulsivo modulado pela raiva, levando a uma situação mais complicada.
Não ficar falando sobre situações do passado. Salvo se vai ser algo construtivo que pode nos ajudar, porque o outro fez em uma situação anterior.
Seja específico, concreto e preciso. Nós não estamos sendo claros se dissermos “eu odeio como você faz as coisas” ou “tu sempre faz do teu jeito” e não vamos conseguir qualquer mudança. Mas sim, se nós apresentarmos as coisas com frases como “o que você diz sobre chegarmos até a próxima cidade e comermos em um restaurante?” ou “eu quero ir na sua roda esse trecho, não acelere muito”.
Evitar generalizações. Os termos absolutos como “sempre” e “nunca” raramente são verdadeiros e podem ofender a pessoa com que falamos. É muito melhor iniciar a conversa com outros termos como “frequentemente”, “às vezes”, “recentemente”, isso permite que as ações do outro também sejam valorizadas.
Seja breve. Ser repetitivo não é agradável de ouvir e as pessoas podem começar a fugir de você ao iniciar uma conversa.
Comunicação não-verbal amigável. Combinar nossa fala com o contato visual e tom emocional apropriado.
Escolha o lugar e hora certa. Avalie se o momento de fazer uma crítica é oportuno, para evitar desconforto desnecessário e criar um clima desagradável no grupo. Se for algo direcionado a alguém escolha um momento mais apropriado e fale diretamente a essa pessoa. Às vezes, apaziguar pode ser mais produtivo do que colocar mais lenha para queimar.
Desejo ótimos pedais longos a todos!

Revista Bicicleta por Cristiano Lima dos Santos 
 
 

Nutrição: Como os antioxidantes podem ajudar no seu treinamento

Arme seu corpo contra o stress e tensão

Nutrição: Como os antioxidantes podem ajudar no seu treinamento
Foto: Shutterstock
Os antioxidantes parecem estar em todo lugar hoje em dia. Eles são um ponto chave na nutrição, e se você acredita no que é divulgado, eles podem curar cada doença que aparecem ajudar você a ser mais rápido ou talvez até viver para sempre. Vamos dar uma olhada na ciência por trás das propagandas e ver se você, como ciclista, deve inclui-los na sua dieta.
Antioxidantes agem por neutralizar o stress causado pelos oxidantes, que pode causar danos ao corpo. Durante o dia-a-dia seu corpo produz espécies de oxigênio reativo que ataca o corpo. Podemos comparar isso a um tumulto em volta do seu corpo. Você naturalmente produz antioxidantes para proteger seu corpo desses ataques, então você pode considerar os antioxidantes como a polícia do seu corpo. No entanto, você precisa de antioxidantes extras para reforçar a polícia – como se fosse chamar o batalhão de choque. 
Existem muitas pesquisas em torno do efeito dos antioxidantes na saúde. Com o advento da comida processada, muitos dos antioxidantes são removidos. Uma das coisas que ficou muito claro nas pesquisas é que antioxidantes podem prevenir doenças cardiovasculares, diabetes, e ainda ajudar você a ter uma vida mais longa.
Os benefícios para a saúde são claros, mas os benefícios para a performance são menores. Nós sabemos que os exercícios, particularmente treinos pesados, aumentam o stress causado pela oxidação, mas também sabemos que o corpo responde a isso aumentando as tropas da polícia. No entanto, quando você treina pesado, o corpo não dá conta de todo o tumulto, então você precisa deixar as tropas de choque prontas para agir. 

Redução do stress

Um estudo recente da Universidade de Newcastle, na Austrália, observou a restrição de frutas e vegetais nos exercícios e como o corpo respondeu ao treinamento. Frutas e vegetais são algumas das principais fontes de antioxidantes para o corpo. O estudo mostrou que diminuir a ingestão semanal de frutas e vegetais de cinco por dia para um por dia diminui a performance em 2% e aumentou muito o stress. Portanto, também há benefícios para a performance em uma dieta rica em antioxidantes. 
Como vimos, frutas e vegetais são os principais provedores de antioxidantes. Eles contém nutrientes como vitaminas C, E e outros componentes dos antioxidantes. Nozes e sementes como grãos integrais (grãos refinados são bem diferentes) também contém muitos antioxidantes. 
Há muitos suplementos à venda disponíveis, que podem ajudar a aumentar seus níveis de antioxidantes, mas nem todos eles possuem comprovação de eficácia. O sistema de antioxidantes é muito complexo. Os alimentos serão sempre os mais apropriados, já que nutrientes trabalham em interação. 

O que comer

Então, como você pode aumentar suas reservas de antioxidantes? Fontes de antioxidantes podem ser encontradas em praticamente todos os tipos de alimentos comuns, então certifique-se que ingerir o suficiente.

Os bons

Você sabe que essas frutas são boas para você, então certifique-se de:
Comer cinco porções de frutas por dia
Comer cinco porções de vegetais por dia
Cozinhar seus vegetais ao bafo em vez de fervê-los

Os ruins

Você talvez tente evita-los, mas em moderação eles ajudam a prover poderosos antioxidantes:
Vinho: uma taça por dia está ótimo
Chocolate amargo: dois ou três pedacinhos por dia
Expresso

Os acréscimos 

Você provavelmente pensaria que esses alimentos não fariam muita diferença, mas eles fazem:
Adicione ervas na sua comida
Adicione azeite de oliva extra virgem
Prefira alimentos escuros, como beterrabas


Revista Bicicleta por Dr Kevin Currell / www.bikeradar.com 
 
 

5 Dicas para manter a forma no mountain bike



5 Dicas para manter a forma no mountain bike
Foto: Seb Rogers
Joe Rafferty é um tutor de mountain bike qualificado, técnico e personal trainer há oito anos. Atualmente ele está focado em treinamento para enduro e toma conta dos treinos de Alex Stock, um dos melhores pilotos de enduro do Reino Unido. Joe também é viciado confesso em all-mountain.
Joe explica por que os mountain bikers deveriam treinar para melhorar sua pilotagem em geral:
“O principal motivo pelo qual pedalamos é por diversão, e honestamente, nós somos quase sempre mais felizes quando a gravidade está do nosso lado e a trilha flui de modo que não ficamos travando e tendo dificuldades. Então qual é a dessa de treinar? Somos mountain bikers, não somos? Bem, e se eu lhe disser que com um pouco de treinamento você poderia fazer que até mesmo as trilhas mais técnicas se tornem fluidas, além de ter energia suficiente para fazer as subidas tão divertidas quanto as descidas? Isso tentaria você? E a confiança necessária para conquistar aquela última escalada só para descer na boa depois?
“Nós sabemos que a melhor maneira é a prática, mas com tanto tempo que gastamos com trabalho acabamos dando a nós mesmos pouco tempo para brincar, e nosso físico acaba dando um passo para frente e dois para trás. Esse plano de treinamento é destinado a ajudar você a aumentar seu potencial de novo. Foi concebido para ajudar você a melhorar sua forma e performance sem precisar ser membro da academia, ter equipamento caro e sem desperdiçar tempo. Na verdade, não pense nisso como um plano de treinamento, mas como um guia.”

Russell Burton
Entrar em forma não se trata de comer uma banana orgânica 34 minutos antes da sua sessão de treino, e então engolir um shake de proteínas. Para pessoas comuns, é na verdade muito simples. Seguir essas 5 dicas vai te colocar no caminho certo.

Coma as coisas certas

Diminua sua ingestão de açúcar o quanto puder, evite alimentos processados, afaste-se do excesso de cafeína e então você estará apto a ouvir seu corpo dizendo do que ele precisa.

Evite a armadilha do fim de semana

Quando se trata de treinamento, consistência é a chave. Quatro sessões de qualidade por semana vão fornecer ganhos muito melhores do que aquela longa sessão que exige uma semana inteira de descanso.

Descanse o suficiente

Para melhorar, você precisa de períodos de stress (esforço físico) e recuperação. Ambos são igualmente importantes – durma bem e tenha ao menos um dia completo de descanso por semana.

Comprometa-se

Se você vai começar essa empreitada, você poderia muito bem fazer isso direitinho. Encontre coisas ou lugares que te motivam, planeje, estabeleça alvos e mãos à obra! Quando as coisas ficarem difíceis, lembre-se aonde você quer chegar e por que.

Progresso

Se manter nesse programa com as mesmas pedaladas não significa que você atingir o topo. Aumentar a intensidade dos treinos e o volume deles vai manter você melhorando.

Revista Bicicleta por BikeRadar UK 
 
 

Variáveis psicológicas no ciclismo

“Eu não consigo encontrar a motivação certa para sair e pedalar”, “sinto muita ansiedade antes de fazer um pedal”, “acabo por ficar muito estressado quando não consigo render no pedal”, “tenho perdido a concentração nas partes mais técnicas, o que me leva a perder tempo e às vezes algumas quedas acontecem”. Essas são algumas expressões que costumeiramente podemos falar para amigos, colegas de pedal, ou mesmo em algum monólogo interno. Mas essas afirmações carregam conceitos psicológicos importantes, tanto para o desempenho no esporte, quanto para a nossa vida cotidiana. Os termos motivação, autoconfiança, estresse, nível de ativação e atenção estão presentes em nossa fala, mas realmente sabemos o que eles são?


Variáveis psicológicas no ciclismo
Foto: Banco de Imagens
Neste artigo buscarei apresentar essas variáveis psicológicas. Em outro momento abordarei de forma individual cada variável e como cada uma delas pode ser trabalhada, já que todas são passíveis de controle, havendo o treinamento específico. Todas as pessoas podem desenvolver habilidades psicológicas, basta treinar! O psicólogo esportivo é o profissional que pode orientar através de metodologia técnico/científica o desenvolvimento dessas habilidades. Então, vamos compreender melhor a motivação, autoconfiança, estresse, nível de ativação e atenção.
Motivação
A motivação é um processo determinado por muitas variáveis que energiza e dirige o nosso comportamento. Ou seja, é o que nos leva a realizar um comportamento específico ao invés de outro (nosso caso é andar de bicicleta), com toda a energia que julgamos necessária, com mais ou menos persistência (tempo gasto e como usamos esse tempo) e com um objetivo claro (competir, pedalar mais que os meus amigos e colegas de grupo, realizar um Audax, completar a Brasil Ride etc).
Todos nós, sem exceção, pedalamos por algum motivo (algo que nos motiva). Esse motivo é o que nos faz gastar mais ou menos tempo dedicando-se aos treinos na bike, cuidar da alimentação, da recuperação, da manutenção do equipamento, da musculação, enfim, de tudo que envolve a preparação para conseguirmos alcançar com êxito nossos objetivos dentro do esporte. Mas o que motiva uma pessoa a levantar às 5 h da manhã para pedalar antes de enfrentar um dia inteiro de trabalho?
Para responder a essa questão precisamos compreender que as razões que nos levam a querer andar de bicicleta podem ser tanto internas quanto externas. A motivação extrínseca é a voltada a recompensas externas como: reconhecimento, social, louvor, dinheiro, prêmios e troféus. A motivação intrínseca se refere às razões internas, como a satisfação pessoal, a realização, o orgulho e a superação pessoal. A motivação intrínseca pode atuar naquele dia em que levantar às 5 h para pedalar está mais difícil, naquele momento decisivo da competição que temos de ir ao limite, ou mesmo em um trecho mais duro de um pedal. Ela está ligada às nossas crenças mais profundas e, claro, à paixão que sentimos pelo esporte. É comum que uma predomine sobre a outra e não raro há uma alternância das duas ao longo do tempo.
Agora responda para si mesmo. Qual sua motivação para pedalar? Quando todas as recompensas externas esgotam, porque você continua?
Autoconfiança
A autoconfiança pode ser definida como uma convicção, ajustada à realidade, que uma pessoa tem de alcançar um objetivo utilizando seus próprios recursos. Suponhamos que uma pessoa vá participar de uma corrida (um desafio, um pedal mais forte, uma trilha), ou seja, ela tem noção da situação a que vai se expor. Se essa pessoa tem autoconfiança ela vai reconhecer em si seus pontos fortes, mas também suas limitações. Reconhecendo isso, ela vai tirar proveito de seus pontos fortes e pensar em estratégias para afrontar suas fraquezas, buscando atingir seu objetivo.
A autoconfiança pode ter uma relação direta com o desempenho na bike. Com um nível adequado de autoconfiança, realista e ajustado, o desempenho em cima da bike será sempre melhor do que quando a autoconfiança é baixa, ou mesmo uma “falsa autoconfiança”.
Um exemplo de falsa autoconfiança seria quando o ciclista se encontra com uma baixa autoconfiança e antes de uma competição ou pedal mais forte começa a fazer afirmações do tipo: “melhorei muito no morro”, “hoje vai ser meu dia”, “você vai me ver agora e depois só na chegada”, “trouxe uma corda pra puxar fulano no morro”, “todos os KOMs hoje vão ser meus”. Afirmações como essas podem esconder uma fraqueza no atleta. Ele está apenas tentando evitar um problema real que é a falta de confiança em si mesmo. Afirmações como essas podem ser um autoengano e uma vez que suas crenças não se confirmem no decorrer da prova, sua autoconfiança pode ficar ainda mais reduzida, abalando seu desempenho. A crença de uma falsa autoconfiança pode vir do ambiente, através dos técnicos, preparadores físicos, familiares ou mesmo colegas de treino e amigos. Quando o atleta é constantemente “aconselhado” com afirmações do tipo “você está indo para ganhar”, “você é melhor que os outros”, “você vai conseguir”, “é pra ser seu”, “repita em sua cabeça que você é o melhor”, “acredite profundamente que você é o melhor”. Se a autoconfiança estiver baixa, de nada adianta se autossabotar com essas afirmações. Seria muito melhor uma análise real das condições do atleta identificando suas habilidades e fraquezas e pensar em estratégias para lidar com as situações inerentes da competição.
A autoconfiança é uma variável que exige autoconhecimento. Cabe ao ciclista conhecer suas capacidades e quais são as suas chances considerando o estado em que se encontra naquele momento frente à situação a ser enfrentada. O ideal para se ter um bom rendimento é evitar o autoengano e analisar suas reais condições. Para que sua autoconfiança esteja ajustada é preciso que você realmente compreenda a condição em que se encontra e saiba como você reage às diferentes situações da competição, buscando manter os pés no chão. Bons resultados podem ser alcançados com uma boa “cabeça”, mas raramente com ideias fantasiosas e irreais.
Estresse
O estresse é a maneira como nosso corpo responde a situações que considera como ameaçadoras, tanto internas (conflitos internos, crenças pessoais desadaptativas, crenças de que tudo tem de estar perfeito, “ou é assim, ou não é”), como externas (situações da competição como atrasos, chuva no dia do pedal, problemas no trabalho). O estresse é a manifestação do corpo mobilizando recursos pessoais para resolver essas situações.
As pessoas tendem a manter uma ideia generalista de que o estresse é sempre algo negativo. O estresse acaba por se tornar um conceito utilizado de forma indiscriminada em muitas situações onde ele não deveria estar, muitas vezes utilizamos o conceito como uma forma de explicar as situações difíceis em que nos encontramos. Quando temos recursos suficientes para lidar com uma situação de risco e somos capazes de superá-lo, será algo bom para nós, algo que nos torna mais fortes e adaptáveis. Quando os nossos recursos não são suficientes ou adequados é que o estresse pode se tornar realmente um inimigo.
Vamos ao exemplo: antes de iniciarmos um pedal podemos nos encontrar em um estado de nervosismo, ou seja, a situação está sendo interpretada como uma ameaça e alguns pensamentos catastróficos podem surgir (“hoje vou sofrer muito”, “esse sol vai me cozinhar”, “vou cair naquele trecho”, “essa galera pedala muito, não vou aguentar”, “essa prova é a mais difícil do Brasil”, “eu não devia ter levantado hoje”). Se não somos capazes de controlar a situação, porque não sabemos o que fazer, automaticamente uma reação de “bola de neve” começa a se instalar e na medida que se aproxima o momento do pedal os sintomas se acentuam cada vez mais. Na noite que antecede o evento pode haver insônia, a preocupação aumenta e o estresse e a ansiedade tomam conta. Chega um momento em que o excesso de estresse vai começar a ultrapassar nossos limites suportáveis e não vamos conseguir render como o esperado no momento do pedal, isso se não passarmos mal antes mesmo da competição. Já tive casos em meu trabalho em que atletas nos seus primeiros eventos sofrem tanto no dia que antecede a competição que o corpo começa a produzir sintomas muito desagradáveis como problemas gástricos e intestinais, dores de cabeça e no corpo, além de pensamentos catastróficos que os incapacitam. Essas reações levam a um mal desempenho no dia do evento e consequentemente se elas se estendem ao longo de várias competições há uma grande probabilidade de uma espiral descendente se formar, levando o atleta a ver as competições e desafios como momentos aversivos em sua vida.
Por outro lado, se somos capazes de controlar a situação, porque temos recursos físicos e mentais suficientes, se vemos a situação como um desafio e não como uma ameaça, conseguiremos nos adaptar à situação e atingir nossos objetivos. As reações de estresse podem ser monitoradas, controladas e direcionadas a nosso favor. Situações que antes eram aversivas, podem se tornar desafiadoras e impulsionar o nosso rendimento, levando-nos ao próximo nível de nossos treinamentos. A superação pessoal é para todas as pessoas. Supere-se!
Atenção
A atenção é uma variável psicológica importante em todos os momentos dentro do ciclismo, seja em um passeio, em um treino com um pelotão ou nas competições. De maneira prática e básica, a atenção diz respeito aos estímulos que nos fixamos em um determinado momento, sejam eles internos ou externos e às respostas que damos a eles.
Quatro dimensões da atenção:
Atenção interna/externa: atenção interna se refere à quando prestamos atenção nos estímulos e respostas que são internos (tudo aquilo que acontece dentro de nós), pensamentos (“hoje estou bem nesse pedal”), sentimentos (“meu joelho não está doendo”, “como estou cansado hoje”) ou movimentos (“pedalar mais forte”). A atenção externa se refere à tudo aquilo que acontece fora do ciclista em seu ambiente (o downhill que desceremos, o barulho da corrente e dos pneus, os outros ciclistas).
Atenção ampla/estreita: atenção ampla se refere à quando o ciclista tem de focalizar vários estímulos simultaneamente (estar ciente das pedras e buracos no caminho, cuidar com a roda do colega à frente e pedalar mais forte). A atenção estreita se refere à habilidade de direcionar o foco a um único estímulo (focar na frequência cardíaca, no ritmo de quem está na nossa frente).
Como é de se supor, as dimensões se combinam e podemos ter atenção ampla/externa ou estreita/interna etc. Cada uma dessas abordagens pode ser o enfoque em uma ou outra atividade, dependendo do objetivo que buscamos com ela.
A atenção é como as outras variáveis e pode ser melhorada através do treinamento. É comum ouvirmos que algumas pessoas perdem a concentração rapidamente, ou seja, a pessoa pode ter um baixo nível de atenção concentrada ou simplesmente seleciona o estímulo errado para manter sua atenção. Em ambos os casos pode-se trabalhar e melhorar através de treinamento.
Nível de ativação
O nível de ativação é a resposta global fisiológica e psicológica do nosso organismo em uma determinada situação. A inter-relação de três variáveis que já vimos (estresse, motivação e autoconfiança) é que vai dar origem ao nível de ativação específica em um determinado momento. O nível de ativação funciona em um continuum que vai desde os estados mais baixos, como os do sono profundo, até os mais elevados, em estados de alerta máximo. A resposta de ativação possui manifestações fisiológicas (batimentos cardíacos, respiração, suor, tensão muscular), comportamentais (gestos motores e verbais observáveis, agitação, fala excessiva, gritos, ou silêncio) e cognitivas (pensamentos, monólogo interno, autofala, imagens mentais). O nível de ativação afeta o desempenho influenciando diretamente nas condições fisiológicas, mobilizando toda a energia necessária para esses processos. Mas também tem influência crítica e direta em processos psicológicos básicos como a atenção, processamento da informação e em nossa tomada de decisões.
Há um consenso na psicologia do esporte de que devemos buscar um nível de ativação ideal para competir. O nível de ativação ideal é aquele nível em que o ciclista consegue ter seu melhor desempenho. Normalmente não vai ser muito baixo (sono e preguiça) e nem elevado ao extremo (pode ficar ansioso). Cada pessoa deve encontrar seu nível de ativação ideal e uma vez que ele seja identificado é possível, através de algumas técnicas psicológicas, chegar até ele e mantê-lo durante as competições melhorando sua performance significativamente.
Quer saber como identificar seu nível de ativação ideal? Sabe aquele dia em que você sai para pedalar e parece que tudo flui de maneira quase perfeita? Você se sente bem, as pernas estão rendendo, a cabeça está boa, as curvas encaixam, acerta o desenho da trilha, passa pelos obstáculos... Você realmente se sente uno com a bike e com a estrada e o tempo parece que simplesmente não existe. Você nem vê as horas passarem. Parabéns se você já viveu isso! Guarde muito bem essa memória e busque vivenciá-la novamente. O nome disso é estado de fluxo (flow) e acredite: é uma boa medida para saber sobre o seu nível de ativação ideal.
Agora, pegue sua bike e vá viver momentos de flow.
Revista Bicicleta por Cristiano Lima dos Santos
 
 

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