sexta-feira, 21 de novembro de 2014

Como suportar a fratura da clavícula

Revista Bicicleta por Edgardo Jorge

Como suportar a fratura da clavícula
Foto: PedroAires
Os acidentes com ciclistas não são raros. Para alguns, as quedas não são mais que um pequeno inconveniente ou parte da aventura na bicicleta. Depois de um acidente, esse tipo de ciclista levanta, tira a poeira, confere se sua bike teve algum dano e volta a andar como se nada tivesse acontecido (eu mesmo já fiz isso!). Mas existem outros casos em que o ciclista bate no chão e a consequência final é um osso quebrado.
Os acidentes podem não só atrapalhar o pedal, como também trazer problemas posteriores. Nos últimos 10 anos sofri umas 10 quedas (de filme). Muitas vezes cai de lado por não destravar o pé, ou na lama, mas refiro-me a quando se perde totalmente o controle: você sai voando, quicando como bola e parando longe da bike. Foi em um desses acidentes que quebrei um osso, especificamente, a clavícula.
O tratamento para a fratura de clavícula é algo estranho. Quando se quebra um braço, os médicos colocam um gesso ou uma férula para imobilizar; quando se torce o tornozelo, igualmente colocam uma férula; quando se quebra um dedo, colocam uma tala e indicam gelo. Mas por se localizar na parte de cima do peito e muito perto do ombro, a clavícula é praticamente impossível de engessar: teríamos que dispor de um gesso para imobilizar o peito todo e o ombro. A operação não é necessária, a menos que a clavícula tenha se partido em vários fragmentos ou esteja afetando nervos ou artérias.
Quando você quebra a sua clavícula, geralmente vai sair do hospital com alguns calmantes para a dor e advertido de que não pode mover o braço para que solde bem. No mais, depende de você. Eu já estive nessa, sei de algumas lições que poderão lhe ajudar se alguma vez estiver na mesma situação.
As principais lições são: ter muita paciência - isso é fundamental, e pense na recuperação mental juntamente com a recuperação física, com muita vontade para esquecer medos e traumas que lhe façam tremer ao pegar a bicicleta ou fazer o de sempre.

Paciência é a mãe de todas as virtudes

Encare o fato: você está com um osso quebrado e esse não solda da noite para o dia. Para que fique bom, leva tempo, que muitas vezes parece eterno. E a maioria desse tempo você tem que ficar quieto, sem movimentar o local, em posições que às vezes são chatas e incômodas, isso tudo para que o osso solde corretamente.
O primeiro passo é escutar o doutor e o seu corpo. Durante as primeiras duas semanas, tente ao máximo não mover o braço (mesmo dormindo!). Cada movimento que faz, ainda que seja pequeno, como a trepidação de passar em um buraco de carro, causa muita dor. Dormir é uma aventura... Indico usar travesseiros, como se fosses um rei. Use muitos travesseiros para apoiar o ombro e para não girar. A melhor posição é a "Drácula", básica para dormir. Minha técnica foi deitar-me entre travesseiros, durante a noite e no sofá da sala nas tardes. Acredite, meus dedos da mão esquerda (sou destro) se exercitaram e fortaleceram como nunca escrevendo no computador.
Depois de um par de semanas quieto, a maior parte do tempo deitado, sem se mover, colocar alguns limites é importante. Quando o osso começa a soldar, em uns 20 dias (três semanas), você começa a se sentir melhor e irá querer realizar todas as atividades que sempre fez. Seguramente, se você é uma pessoa hiperativa como eu, que está acostumada a fazer coisas o dia todo, vai se dar conta que é uma loucura fazê-lo. Descobri que passo o dia todo planejando, trabalhando, criando, improvisando, quase sem descansar. Mas, depois de um acidente, até as coisas mais simples cansam, dessa forma, você tem que pensar suas atividades com muito cuidado. Tem que entender que todas as atividades "regulares" tornam-se mais difíceis.
Vestir-se pode requerer outro par de mãos para ajudar, ou terás que se vestir como um romano antigo envolvido em um lençol. Provavelmente você começará a usar sapatos sem cordões, bermudas e camisas largas de botões, para manter o braço junto ao peito. Dirigir um carro é quase impossível com um braço, pois não se tem a mesma mobilidade nem a mesma capacidade de reação, ainda mais com a quantidade de buracos que há nas cidades. Use isso como desculpa para caminhar mais (mesmo que tenhas que aprender a caminhar sem se mexer muito, porque dói até os cabelos). Caminhar vai ajudar a manter os músculos, as pernas e o coração em ritmo, isso significa menos tempo para voltar a pegar a condição física quando puder retornar à bicicleta.
Mas há algo importantíssimo que você não deve deixar de fazer (e que eu não fiz, o que atrasou mais minha recuperação): tirar o tempo necessário para ir à terapia de recuperação muscular. Se você não fizer fisioterapia, o osso poderá calcificar incorretamente e se chegar a ocorrer uma fratura no mesmo lugar, a recuperação vai ser ainda mais lenta. Eu tentei me manter ativo (às vezes acho que mais do que o necessário), e de alguma maneira com a cabeça longe de bobeiras, isso foi muito positivo. Na realidade, as quatro primeiras semanas se deve ter muito cuidado e ignorar as críticas, porque a terapia hoje é básica nessas fraturas.

Ao final, tem que regressar à bicicleta

O passo final é voltar a pedalar, pegar de novo a fiel parceira. Uma vez que se está pronto para sair de bicicleta de novo,tem que se assegurar que a primeira vez seja um caminho curto e simples. Minha experiência foi que, depois de quase 10 semanas e com licença do doutor, fiz uma rodada por perto de 45 minutos, por pavimento em bom estado, pois tinha medo de ter dores posteriores, mas na realidade nunca doeu. Isso foi um bom sinal!
Depois, aos poucos, fui tomando mais confiança e não corri risco nenhum por excessos. Mesmo assim, saídas curtas e limitadas também significam muito tempo fora da bike. Use esse tempo que está sem a bicicleta para fazer algum trabalho de recuperação física. Também, deves usar esse tempo para tirar todos os fantasmas que ficam depois de um acidente, porque em geral se perde a confiança e é preciso muita paciência para tê-la de novo. Assim o tempo vai passar e aos poucos você retoma a vontade de voltar à bicicleta.
Quando achei que estava 100%, encarei a trilha mais dura que pude, para demonstrar a mim mesmo que era capaz de pilotar novamente. Claro que nesse dia, fui com todo o medo do mundo, a falta de confiança se traduzia em falta de habilidade e isso começou a me molestar, obrigando-me a voltar a ter a destreza que tinha antes. Depois desse dia, minha confiança voltou e agora estou novamente rodando tanto quanto posso, em todos os níveis, e a diversão é maior do que antes. Confesso, também, que agora normalmente pedalo mais concentrado no caminho do que antes.

Palavra do Doutor

Dr. Franklin Passos
Quando há fratura exposta ou com risco de exposição, complicações neurovasculares, infecção (osteomielite), não consolidação (conhecida como pseudoartrose) ou, finalmente, o caso de um atleta profissional que necessita de retorno rápido aos treinamentos, a cirurgia pode ser aconselhada. O imobilizador para clavícula tipo “8” é indicado para manter os fragmentos da fratura alinhados e imobilizados para que a consolidação ocorra no menor tempo possível e com melhor resultado estético. Também, vale ressaltar a importância da conscientização do paciente portador de fratura de clavícula sobre a necessidade de manter uma posição fixa com os ombros voltados para trás e o peito para frente, para complementar a ação do imobilizador em “8”. O treinamento de judô para quedas é outra dica importante, pois todo ciclista deveria conhecer e dominar a  técnica para se proteger quando cair.

Agredeça quem te ajuda e anima

Muitas pessoas vão se preocupar com você, farão visitas. Seguramente, haverá pessoas que estarão sempre com perguntas sobre a recuperação (não gostei muito disso), mas em especial, haverá muita gente disposta a ajudar, a aguentar o seu mau humor por causa da dor, a crise existencial por não poder nem se mover, e mesmo que saibam do incômodo, ajudarão você a se vestir, comer, farão as compras e outras coisas que não se pode fazer com apenas uma mão. Essas pessoas merecem agradecimento, pois são muito valiosas em sua vida.
O melhor conselho que posso lhe dar em uma situação qualquer de lesão é manter a mente em positivo. Seja criativo, use seu tempo para criar e pensar em coisas boas, mantendo a cabeça ocupada. Os ossos quebrados vão sanar, mas nunca permita que os acidentes destruam seu espírito. Um ciclista é uma pessoa anormal, sempre volta e se supera.

Revista Bicicleta
 

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